Por que Carnoalia?


  Em 2020 Carnoalia foi publicado por mídia física de forma alternativa em lojas undergrounds de quadrinhos e música, assim como bares e lojas de produtos esportivos. Nesse período Carnoalia se chamava Mare Hunter pois a ideia era que os demônios fossem uma espécie de Mula sem cabeça. 'Mare' seria de égua já que 'mule' Hunter não parecia sonoro, Mare Hunter na época me soava sonoro, mas graças à dica de um editor eu mudei o nome. Demorei um ano para escolher o novo nome.

  O carnaval era um evento muito importante em minha cidade (Itanhandu-MG). Pessoas saiam de lugares como Bahia e Rio de Janeiro para passarem o Carnaval em Itanhandu, era um evento que abrangia toda a cidade. As pessoas alugavam as casas e em algum momento, talvez com o aumento dos alugueis, as pessoas pararam de vir com a mesma frequência, e o evento diminuiu bastante até que a pandemia chegou e diminuiu de vez. Muita gente ainda vem de fora, mas nunca mais foi como era nos anos 90 e 2000. Nesta época o carnaval mexia muito comigo pois todos se fantasiavam de monstros, era um evento que sair na rua e se deparar com um monstro era o normal, assim como é o Halloween para os estadunidenses. Eu gostava de imaginar que nessa época os monstros e demônios podiam caminhar no nosso plano, e isso tem tudo a ver com o meu quadrinho.

  O nome precisava ser algo único, algo que ao pesquisar na internet fosse a primeira coisa a aparecer, também precisava ser de fácil compreensão, algo que não tivesse confusão com letras como K, Ç, Y ou H. Como agora o quadrinho será divulgado em Podcasts, um nome simples e de fácil compreensão, sem confusão é o ideal já que muitos vão conhecer através de áudio, por isso é super importante que não haja letras como H que precisem ser explicadas na apresentação. Então Canoalia me parece o nome correto, é um nome único, baseado nas origens do nome Carnaval. (Carnualia, troquei o 'u' por 'o' e Carnoalia.)

   Todas essas questões, somado ao fato que comecei a trabalhar em um jogo no último ano que me fizeram pensar por tanto tempo  no novo nome. Além disso, fiquei 10 anos parado com os quadrinhos, lancei Contos Riscados em 2015, e de lá até aqui passei por uma depressão severa onde eu tinha muita dificuldade de trabalhar com exposição do meu trabalho. Eu tentava, é verdade, mas não conseguia avançar com nenhum projeto. Em 2018 eu estava prestes a desistir de tudo, mas pensar em minha mãe me fez tentar mais uma vez e o voluntariado no Rotaract com a regressão à Eubiose devido ao ENCARE, me trouxeram um apoio que eu não esperava. Nesse período eu aprendi muita coisa que quero tratar neste trabalho. 

  Eu não acreditava em nada e através de algumas experiências inexplicáveis eu aprendi que o mundo é muito maior, que há coisas muito mais relevantes do que o nosso ego. Um dia contarei tudo o que aconteceu, mas o mais importante para esse post é que em algum momento de Setembro de 2018, sem uso de nenhum psicotrópico, experiências me levaram a sentir como se eu estivesse do outro lado das cortinas da vida. Alí eu voltei a acreditar em algo mais. Não estou falando de fantasia e não quero que isso se misture ao meu trabalho como se eu acreditasse em toda ficção que estou colocando no meu trabalho. Não é isso, mas as coisas que me aconteceram foram essenciais para as inspirações que tive para minha HQ.
  

   Mais uma vez, Carnoalia é uma obra de ficção e tem o intuito de entreter, de ser divertida e ter total liberdade de criação em sua narrativa, com monstros e demônios assim como eram os carnavais. Não pensei muito ao escrever este post, acho que eu deveria ter divido em dois posts e me aprofundar mais nestes dois assuntos que abordei aqui, mas eu precisava deixar registrado em algum lugar.

 

Comentários

Postagens mais visitadas